Caros pais, alunos, colegas
professores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais!
Sou Lucia Oliveira de Andrade, professora, e
atuo no ramo da Educação Especial desde o ano de 1998, trabalho que amo
imensamente e procuro, na medida do possível, realizar através do acompanhamento
das transformações que essa vem sofrendo principalmente nas últimas duas
décadas e de uma prática realmente inclusiva. Minha formação a nível Médio se
deu através do Curso de Habilitação Magistério; a nível de Graduação, cursei
Pedagogia – Orientação e Supervisão Escolar, pela Universidade Regional do
Noroeste do Estado do RS- UNIJUÍ- e a nível da Pós Graduação, Educação Especial
na Perspectiva em Educação Inclusiva, por essa mesma Instituição. Também tenho
Pós Graduação em Docência e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais, área
que mais me identifico profissionalmente.
Neste ano de 2014, estou tendo o
privilégio de retomar o trabalho como intérprete. Realizo esse trabalho com duas alunas que
estão no Ensino Fundamental, uma nos Anos Iniciais e outra nos Anos Finais.
Acompanhar esse processo de escolarização, numa perspectiva inclusiva, aumenta
ainda mais nossa responsabilidade enquanto educadores. Sabemos que o Brasil é
signatário de acordos internacionais em construir uma proposta de educação
inclusiva que leve em conta a diversidade, que respeite as diferenças e que
rompa com paradigmas homogeneizantes excludentes. Entendo que estamos num
processo de construção coletiva da inclusão escolar, que as leis são
necessárias para nos orientar, mas, em contrapartida, necessitamos nos despir
de preconceitos frente às pessoas com deficiência, sendo que essa é uma
condição indispensável para que se construa, com eficácia, a inclusão.
No meu entendimento, a melhor forma de
rompemos com o preconceito é através do convívio com a diferença, entendendo
que esta condição não é exclusiva das pessoas com deficiência. Lembremos:“Ser
diferente é normal”. Quando se tem, em sala de aula, alunos surdos, há
que se considerar uma proposta educacional bilíngue, que oportunize o
conhecimento e o uso regular de duas línguas, no caso do surdo,a Língua de
Sinais como primeira língua (L1) e a Língua Portuguesa na modalidade escrita.
Diante do exposto, há que se
considerar que o cognitivo dos alunos surdos se desenvolve de maneira visual e
gestual, em sua primeira instância, por isso se destaca a importância das estratégias
e dos recursos visuais no processo de construção da aprendizagem. Ser surdo é
ser membro de uma comunidade minoritária, que apresenta especificidades
culturais diferentes da cultura ouvinte e que necessita ser respeitada em sua
complexidade.
Analisando a trajetória de educação inclusiva,
percebo que estamos construindo esse processo, porém há, ainda, um longo
caminho a percorrer, estudando caso a caso e analisando cada aluno e sua
relação com o conhecimento. As mudanças acontecem quando nos mostramos
flexíveis a elas, quando temos atitudes pró ativas à inclusão. Sabemos que não
há receita pronta e nunca haverá. Por isso, parabenizo os pais que abraçam a
causa e ensinam seu filho a buscar conhecimento e inserção social.
Também agradeço: em primeiro lugar, a
Deus, por nos dar força; aos colegas, por abraçar a causa com entusiasmo e
paixão; àqueles que ainda apresentam resistência, por nos desafiar a
compreender que necessitamos buscar sempre estratégias para ampliar a
possibilidade de trabalho e, finalmente, agradeço imensamente aos alunos com
quem tenho o privilégio de conviver e trabalhar, pois são eles, no dia a dia da
escola, que nos enchem de entusiasmo e fé e nos dão a esperança de que estamos
construindo uma sociedade mais humana e realmente para todos.
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